segunda-feira, 24 de agosto de 2009

a cantora antropomórfica - concepção de direção

A proposta que o grupo pretende desenvolver é a da investigação da memória. As nossas palavras chaves seriam: tempo, invenção, memória. Dois atores vivem o mesmo personagem. Não possui nome, não está localizado numa geografia especifica, nem numa época específica. Cercados de objetos pessoais, a idéia é trabalhar com o próprio espaço no sentido de que ele já possui uma memória.
O trabalho acontece num processo de colaboração entre o diretor/dramaturgo e os atores. Tendo como fio condutor a memória; os relatos pessoais dos atores se apresentam como o principal viés para a construção dessa personagem, única.
Explorando a repetição dos fatos apresentados, ora trazendo indícios reais, ora refutando-os. Realidade e ficção são mantidas em suspenso, criando-se novas interpretações, dando-se novas informações. Repetições que acontecem através das próprias partituras físicas até na exploração da sonoplastia com a gravação do texto ora falado em cena, ora reverberado pelo som.
A escolha por dois atores em cena não visa representar dois lados de uma mesma personagem ou uma dicotomia; tal qual realidade/ficção, ou relacionar ambos como sendo antagonistas. Nenhuma relação entre os dois é traçada num plano direto.
A nossa cantora antropomórfica seria semelhante ao homem quanto a sua forma, mas ainda se apresenta de maneira abstrata e em constante mudança à medida que se vê perdida em suas próprias lembranças. Assim, a escolha por dois atores é justificada como possibilidade de desdobramento do ser (Cantora em devir) através de dois corpos.


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